Anitta transforma Global Citizen em Altar Amazônico.
O estádio do Mangueirão, em Belém do Pará, foi palco para mais uma apresentação icônica de Anitta. Uma das headliners do Global Citizen Festival Amazônia, a cantora comandou neste sábado (01) um show inédito intitulado “Altar Paredão”, que uniu música, ancestralidade e inovação tecnológica para celebrar a potência criativa das periferias brasileiras e a força espiritual da Amazônia. Essa foi a segunda vez que a artista se apresentou em uma edição no festival, já que fez parte do lineup da edição de Nova York em 2023.
Assinado pela diretora criativa Nidia Aranha, a inspiração principal do show foram as potências culturais da capital paraense. “Ergui um altar em celebração à música e aos saberes da região. A ideia foi também promover um encontro entre a cultura das periferias brasileiras, de Belém ao Rio. Acho que a gente aprende muito sobre a riqueza cultural do nosso país por meio das manifestações urbanas e populares de cada região”, divide a artista.


ENCONTRO DE RIOS
“Em cada curva, o rio se refaz. Ele é fúria e é ternura, é lâmina que corta a terra e colo que acolhe a semente”, narrou a introdução do show, na voz da cantora e compositora belenense Nazaré Pereira. Em seguida, a multiartista Leona Vingativa introduziu a poderosa em uma locução de aparelhagem que fez o chão tremer.
O explosivo primeiro ato do show revisitou hits como “Show das Poderosas” e “No Chão Novinha” (que teve clipe gravado em Belém, em 2021). Um dos pontos altos foi a já aguardada “rodinha punk” ao som de “Lose Ya Breath”. O início do espetáculo celebrou a fusão das periferias, lugares em que sons, corpos e territórios se misturam, assim como rios que se encontram.


MEMÓRIA AFETIVA POPULAR BRASILEIRA
Nostalgia e afeto reinaram no segundo ato do espetáculo, no qual Anitta revisitou hits do início da sua carreira e brincou com elementos do universo do brega e da cultura popular. Já os sucessos globais “Envolver” e “Downtown” ganharam roupagem ensolarada e romântica, em versão tecnobrega.
Na cenografia em tons neon, o clima era de memórias afetivas tipicamente brasileiras, com referências aos bailes risca-faca e aos ritmos românticos e brega. “Acho que esse diálogo entre passado e presente é muito importante na nossa cultura, porque a gente reafirma a nossa identidade quando celebra as referências que nos formaram. Eu cresci no subúrbio, na periferia do Brasil… Esse momento do show tem referências culturais super afetivas dos bailes e festas dessas regiões”, explica Anitta.

TECNOFUNK
E como falar de Belém do Pará sem celebrar a cultura das aparelhagens e os paredões sonoros? No terceiro ato do espetáculo, o palco do Global Citizen se transformou em uma nave sonora, com pirotecnia, lasers e ritmo acelerado. Alguns dos hits mais dançantes da poderosa — como “Vai Malandra”, “Onda Diferente” e “Rave de Favela” — fizeram o Mangueirão tremer, fundindo funk com música eletrônica amazônica. O cenário do show foi confeccionado pelo “Grande do Som”, pioneiro e expoente da aparelhagem paraense.
Viviane Batidão, conhecida nacionalmente como a Rainha do Tecnomelody, subiu ao palco para cantarem a inédita “Só pra tu”, dueto ainda inédito com Anitta que será lançado pela carioca para a sua temporada pré-carnavalesca. Uma versão de “Boys Don’t Cry” banhado no rock doido sinalizou que a performance chegava aos seus momentos finais.

O terceiro e último ato do show “Altar Paredão” culminou com uma homenagem aos povos originários: sob um spotlight, a família do Cacique Raoni entoou o canto ancestral “Yo Paranã”, transformando o palco em um altar sagrado, um chamado à reconexão entre humanidade e natureza.

Poucos dias após o Global Citizen Festival Amazônia, Anitta se apresentará também no Earthshot Prize 2025, no dia 5 novembro. Realizado pelo Príncipe William, o prêmio celebra personalidades e iniciativas em prol das pautas ambientais, sendo considerado o “Oscar da sustentabilidade”. Nomes como Gilberto Gil, Kylie Minogue e Shawn Mendes também compõem o line up do evento, que ocorre no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro.
Fotos: Ricardo Brunini @_brunini.
